Abro meus olhos e me deparo com Bernardo me observando.
-- o que está fazendo? Digo levantando e sentando na cama.
-- só te observando.
-- porque?
-- ah sei lá Anny. Ele disse se levantando e saindo pela porta.
-- ah o café está na mesa, e a Lara e o Gustavo já estão lá.
-- Bernardo espera.! Disse dando um pulo para fora da cama e correndo atrás dele.
Ele se vira me olhando dos pés a cabeça.
-- acho melhor você se trocar.
OPS! Ah ok que eu só estou com um camisetão dele mas, ele não precisava falar assim.
-- ok, já desço.
Ele virou as costas e saiu. Porque que ele estava me tratando assim? Tá, isso não importa vou me trocar e descer e ir embora logo.
Coloquei de volta o vestido da noite passada, e dei uma arrumada em mim e desci as escadas de salto alto e vestido de festa em pleno domingo de manhã.
-- Bom dia!
-- Bom dia mocinha.
-- Bom dia Anny.
Olhei para Bernardo, que nem olhou para minha cara e então para provocar sentei do lado dele, ele continuou sem falar nada, e então eu puxo assunto..
-- então Bêh, posso te chamar de Bêh não é?
Lara e Gustavo olha um para cara do outro e cai na risada.
-- chama como quiser.
Ai que saco, o que aconteceu com ele hein?
-- então, como eu ia dizendo... ontem você falou uma coisa para mim e eu disse que conversamos hoje , então...
-- ah nem lembro mais.
-- eu refresco sua memória...você estava dizendo para o Gustavo que eu sou a garota lembra?
-- não, é sempre assim você não para de falar ?
-- ah cansei.
Eu me levanto da mesa e jogo o guardanapo de papel em cima da mesa e vou andando para fora da casa, ele vem atrás de mim e me segura pelo braço.
-- Anny o que foi?
-- não interessa, só quero ir embora.
-- não, fica mais.
-- ah qual é a sua?
-- porque diz isso ?
-- ah porque? Porque você está estranho, me ignorando.
-- tem razão, eu vou te levar para casa ok?
-- prefiro ir andando.
-- andando? É longe Anny, e está frio.
-- não me importo.
-- pelo menos aceita uma blusa minha?
-- não. Manda tchau para o Gustavo e para a Lara.
Ele realmente é doido, deve ser bipolar porque ninguém merece uma hora está tudo bem , outra hora não. Fui andando e não olhei para trás.
Eu realmente não entendia qual era a dele e durante todo caminho fiquei pensando nisso, mais para minha sorte eu vejo alguém que não gostaria de ver de novo, passo para o outro lado da calçada mais ele percebeu e vem atrás de mim eu tento andar mais rápido , mais ele me para.
-- ta fugindo Anny?
-- não, só estou com pressa.
-- ah , mais você tem um minutinho para mim não é?
-- o que você quer Marcello?
-- você de volta!
-- sinto muito, tarde demais.
-- eu acho que não.
Continuo andando , mais novamente ele vem atrás de mim.
-- Anny, pare .
-- por favor Marcello, me deixe em paz.
-- acho que não vai ser possível.
-- O QUE VOCÊ QUER?
-- uau, ficou brava?
-- por favor Marcello.
-- ah já sei, você fica com medo de mim porque você se lembra de fogo? É isso?
-- para, eu não quero falar sobre isso.
-- ah, mas porque? Foi tão divertido.
-- para mim não foi nada divertido.
-- claro que foi Anny, as paredes queimando, a fumaça tomando conta de tudo...
-- CHEGA!! eu não quero mais saber de você e não quero lembrar disso.
-- mais você vai.
Ele segurou meu braço com força.
-- você está me machucando.
-- não quero saber.
Ele apertou com mais força ainda.
-- me solta por favor.
-- não, e você vem comigo.
-- me larga por favor!
Ele foi me arrastando para dentro de um carro, eu me debatia mais ele é bem mais forte que eu não conseguia me soltar dele,comecei a ficar desesperada mais ele não se importava.
-- solta ela agora!!
olhei para trás e vi Bernardo se aproximando da gente, não sei da onde ele surgiu mais nunca fiquei tão feliz em vê-lo.
-- ah claro, o namoradinho dela, some daqui meu esse é assunto nosso.
-- Já mandei soltá-la.
-- você não manda nada.
Ele me jogou no carro, Bernardo se aproximou e deu um soco no rosto de Marcello, eu sai correndo e fui atrás de Bernardo, Marcello se levantou e foi devolver o soco , mais eu o impedi e Marcello entrou no carro.
-- isso não vai ficar assim!!. Ele disse saindo com o carro.
Eu abracei Bernardo.
-- obrigada!
-- imagina.
-- mais da onde você surgiu?
-- ah eu fiquei pensando que não seria uma boa idéia largar você sozinha, e pelo jeito acertei.
-- e como acertou.
Fui com ele até o carro, e ele me levou para casa, estacionou no jardim.
-- bom, está entregue.
-- você não quer entrar?
-- tem certeza?
-- tenho, não quero ficar sozinha.
-- está bem.
Descemos do carro e fomos para casa, subi as escadas e fui tomar banho enquanto ele esperava na sala, quando eu desci ele não estava mais lá.
-- Bernardo?
Ele surgiu da cozinha.
-- ah oi, estava na cozinha.
-- a ta.
-- então que tal um filme?
-- pode ser , mais qual?
-- ouvi dizer que no cinema está passando um filme legal.
-- mais agora?
-- o que que tem? É diferente ninguém nunca vai no cinema de manhã.
-- isso é engraçado.
-- bom, você que sabe... é legal fazer coisas diferentes.
-- você tem razão, vamos!!!
Ir ao cinema de manhã era realmente engraçado, ninguém vai ao cinema de manhã, mais eu me sinto bem com ele, então eu fui.
O shopping estava vazio, e o cinema também, ele comprou pipoca, refrigerantes, chocolates e balas, não era necessário mais ele insistiu. Entramos e o filme começou, e ele fazia piada com tudo que acontecia no filme, e eu entrei na dele e ficava rindo também e fazendo piadas e claro me empanturrando de doces e pipocas, acho que engordei uns cinco quilos comendo tudo isso, e o engraçado era que ele não comia e eu não sabia porque, acho que nunca vi ele comendo nada.
Saímos do cinema e demos de cara com um grupo de meninos vestidos todos de preto, e os olhares sérios eles davam medo, quando Bernardo os viu ficou nervoso e me puxou para o outro lado mais alguém o chamou.
-- Bernardo.
Ele continuou andando.
-- tem alguém te chamando Bêh.
-- eu sei, mais nem conheço esses caras.
E então o cara o puxou pelo braço.
-- qual é Bernardo, não conhece mais os amigos?
E o resto dos caras se aproximaram.
-- e quem é a menina cara?
-- uma amiga.
O homem era alto com o cabelo preto e olhos preto e usava roupas igual as que Bernardo estava quando eu o conheci.
-- bem bonita sua amiga. Ele olhou para o resto dos caras e começou a rir.
-- que tal uma festinha hein Bernardo? Leva sua amiguinha.
-- não obrigado, nós precisamos ir.
-- ah, se você quiser ir pode ir mas... deixa sua garota com a gente.
Ele e os caras riram mais ainda, eu dei um passo para trás.
-- ah qual é Bernardo, se ela é só sua amiguinha deixa seus amigos aproveitar um pouquinho ela.
-- já disse que eu e ela precisamos ir.
Ele pegou minha mãe e deu as costas, mais os caras nos fecharam.
-- porque está nervoso hein?
-- não estou nervoso, mais eu e ela precisamos ir.
-- e a gatinha não fala?
Ele se aproximou de mim, muito, e eu tentei manter o controle eu percebi que o Bernardo estava nervoso.
-- Olha eu e o Bernardo realmente precisamos ir.
-- Olha só, ela fala... e vocês vão onde?
Bernardo ia responder, mais o cara fez um sinal dizendo que queria que eu respondesse.
-- prometemos a um amigo que nós passaríamos na casa dele na hora do almoço.
-- e onde esse amigo mora? Nós podemos ir também, fazer uma surpresa.
-- Já chega Dan!
-- uau, ele fico bravo.
Tentamos passar de novo, mais eles não deixaram, eu queria saber qual era a desse cara eu odiei ele , realmente odiei.
-- está bem, vamos deixar vocês irem, mas... antes.
Ele veio em minha direção e tentou um beijo, mais Bernardo segurou ele.
-- se fosse você Daniel, não tentaria isso de novo.
Eu apenas me afastei.
-- me solta Bernardo!
-- então nos deixe em paz.
Eles abriram caminho e eu e Bernardo saímos, fomos para o carro , dentro do carro eu perguntei:
-- quem era aqueles caras?
-- ninguém de importante. Ele respondeu rápido.
Resolvi não perguntar mais, ele estacionou em casa e nós entramos.
-- Anny, desculpe pelo Daniel ele é louco.
-- eu percebi... ele parecia perigoso.
-- ele é perigoso.
-- da onde você conhece esses caras?
-- olha Anny, eu não fico te perguntando o que houve com você e o Marcello lá, então sem mais perguntas sobre isso.
Minha garganta ficou seca, abaixei a cabeça.
-- tem razão, desculpe.
-- fica tranquila, agora eu preciso ir.
-- onde você vai?
-- sem mais perguntas ok?
-- ok.
Ele veio em minha direção e me deu um beijo na testa.
-- se cuida, qual quer coisa me liga.
Ele pegou uma caneta e anotou no meu pulso o número do seu telefone e saiu.
Subi as escadas e anotei o número dele em meu celular, e deitei em minha cama, fechei os olhos e tentei dormir mais não conseguia só ficava a imagem daqueles caras de preto do shopping e de como Bernardo ficou quando os viu.
Escuto umas vozes fora de casa, olho pela janela e não vejo ninguém, alguem bate na porta desço as escadas e abro.
-- ah não de novo você.
Tento fechar a porta em sua cara, mais ele impede.
-- Nem tente, nossa conversa ainda não terminou.
-- terminou sim.
Ele entra.
-- me fala o que você quer logo.
-- você!!
-- isso não tem graça.
Ele se aproxima de mim.
-- Marcello chega disso, cansei de você.
-- essa é a Anny que eu conheço... eu preciso de você meu.
-- que papo é esse? Para de ser ridículo nós não temos mais nada.
-- vai dizer que não sentiu minha falta.
-- eu achei que você estava morto , você me fez sentir culpada.
-- ah perdão amor, mais era o único jeito de eu não ser incriminado.
Ele deu um passo a frente.
-- você me deixou lá sozinha e forjou morrer.
-- desculpa Anny.
-- DESCULPAS NADA!..
-- Por favor, vamos esquecer isso.
-- não dá .Eu chorei em um túmulo que achei que era você.
-- eu sei, mais foi preciso.
-- não, não foi...
Meus olhos encheram de lagrimas só de lembrar daquela noite.
-- não precisa ser assim.
-- para você é fácil falar, não foi você que ficou no meio do fogo gritando seu nome e achando que você tivesse morrido, não foi você que chorou meses, que foi em um túmulo que não era da pessoa que você achava.
-- eu não sabia que tinha sido difícil assim para você.
-- ah não sabia? Você era meu namorado esqueceu?
-- nós podemos voltar a ser.
-- não, muita coisa mudou.
-- mais eu ainda gosto de você.
-- você mentiu para mim.
Ele colocou sua mão em meu rosto e eu me afastei.
-- queria que você fosse embora...por favor.
-- está bem, mais não se esqueça eu gosto de você.
-- tchau Marcello.
-- Tchau.
Quando ele saiu, eu desabei a chorar, lembrar daquela noite era muito difícil, minha vida mudou muito depois daquela noite e com a volta de Marcello tudo vem a tona de novo, pensar que eu achei que ele estivesse morto, pensar que eu me culpei por meses, e que eu desejei morrer no lugar dele e era tudo uma farsa ? Eu não conseguia perdoar ele por isso, eu o amava e com o tempo eu o esqueci e quando ele reapareceu meu mundo desabou, tudo aquilo que eu achava era mentira, e eu não sentia mais nada por ele a única sensação era de agonia eu fechava os olhos e via fogo me via gritando chamando pelo nome dele, um filme ia passando na minha cabeça...
***
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