Me despedi de tudo e todos, Vinícius nos levou até o aeroporto confesso, passei a noite toda esperando que ele aparecesse e também confesso que até no último minuto eu esperei por ele, sentada na janela do quarto mais ele não apareceu.
No aeroporto, abracei meu irmão com força.
-- obrigada por tudo Viní, e venha me visitar, mande noticias.
-- claro irmãzinha, você também venha quando quiser.
Não deu para controlar, voltei a chorar, enfim estava na hora do embarque dei mais uma olhada para a porta central e nada.
Lara, Gustavo, Babi e eu embarcamos e minutos depois o avião decolou. Tudo o que eu acreditava havia se perdido em lembranças, o amor para mim não fazia mais sentindo, e os sonhos viraram pó, e apesar de tudo eu não morri, eu sobrevivi aos mais terríveis mal, a dor da perca, a dor da morte, a saudade, o mal que assombrava em meus sonhos não me fazia mais sentir medo, enfim eu estava retornando para onde nunca deveria ter saído, minha casa com certeza estaria vazia sem meus pais, mais sei que eles vão estar sempre comigo ,e o amor? Ah bom o amor é algo inacreditável, eu vivi, vivi o amor de meus pais, de meus amigos, o amor de minha melhor amiga, e confesso o que sinto por Bernardo com certeza é amor, mais ah esse amor agora só ficaria em minha cabeça.
***
Horas e horas depois desembarcamos na serra Gaúcha e de taxi fomos até Gramado, mais preciso na minha casa, Babi saiu correndo pela casa.
-- eu adorei isso aqui.
Levamos as malas para o andar de cima, e depois limpamos a casa toda, que estava empoeirada.
-- que tal brigadeiro?
Sorri para Lara.
-- ótima idéia.
Disfarçar era o melhor a se fazer, claro que era, afinal eu tinha minha melhor amiga e agora Babi, logo a noite chegou e coloquei a pequena Babi para dormir, dei boa noite para Lara e Gustavo e fui para meu quarto.
Com as luzes apagadas, as lembranças se passavam pela minha cabeça me permiti a chorar, aquilo doía mais que qualquer dor que eu já havia sentido, foi aqui onde tudo começou, foi aqui que eu me permitir amar outra vez e agora ele se foi, aquela dor era pior que a dor da morte dele, porque quando supostamente ele havia morrido eu sabia que ele me amava mais agora, ele me deixou por vontade própria, isso doía mais, de tanto chorar acabei dormindo.
-- tia, tia!
Abri meus olhos e já era de manhã.
-- oi querida, está tudo bem?
-- está sim, mais já está de manhã.
Me levantei, e desci as escadas Lara e Gustavo estavam sentados na mesa juntos, eles pareciam tão felizes, bom, mais eu não iria mais pensar nisso, hoje eu acordei decidida a retornar minha vida, chega de sofrimento e eu estava pensando em voltar para a escola.
-- Bom dia a todos!
-- uau, parece que alguém acordou de bom humor hoje.
-- com certeza, Lara estava pensando... que tal voltarmos a escola?
-- ah, serio? Nós iremos reprovar.
-- não se eu entrar na mente de alguns professores.
-- perfeito! Então amanhã retornaremos para escola.
-- e eu?
Olhei para a Babi, com cara de brava.
-- boa pergunta, e você minha querida.
Eu a peguei no colo.
-- eu também posso ir a escola.
-- será? O que você acha Lara?
-- ah ela pode ir para a escola de criança, tipo creche.
-- deixa tia, por favor.
-- está bem, mais se você for, prometa não contar aos seus amigos que a gente morava na Itália.
-- como quiser tia.
-- então está decidido, todos vamos para a escola.
-- menos eu é claro!
-- é menos você Guga.
-- mais você será nossa carona de todos os dias.
* * *
Voltar para escola foi totalmente estranho, as pessoas nos olhavam como se fossemos seres de outro planeta, bom eu não estava muito longe disso, confesso que eu fiquei um pouco cansada em entrar na mente das pessoas e mudar alguns fatos, mais uma coisa que não mudou nada foi a simpática incrível de Mônica por mim... estou sendo irônica, claro, ela não mudou nada.
-- olha quem está de volta!
-- sentiu minha falta não é?
-- nem um pouco.
Me virei, e então ela continuou.
-- ficou sabendo das novidades?
Virei de novo para ela.
-- quais?
-- estou namorando!
-- nossa, legal
Eu não sei porque ela pensava que eu me interessava pela vida dela.
-- não vai perguntar quem?
-- ai Mônica, se liga que que eu quero saber?
-- ah, mais eu vou falar mesmo assim, estou namorando o Marcello.
Não consegui segurar a risada.
-- qual é a graça ?
-- ah por favor, e você achou que iria me atingir com isso? Querida, eu já sei que você adora pegar meus exs, sabe ficar com meu resto mais agora achar que isso vai me afetar? Pode ficar com ele todinho para você.
Ela ficou sem reação, Mônica era assim sempre quis ser superior a mim, sempre quis me por para baixo, e para falar a verdade eu estava cansada disso, aquelas brincadeirinhas já não me atingiam mais, eu já estava cansada de muita coisa que de agora em diante eu não vou suportar mais.
Após a aula, fui para biblioteca da cidade, passei horas e horas lendo e acabei perdendo a hora, quando sai de lá já estava escuro mais resolvi ir andando, afinal o que poderia acontecer?
Vou andando de vagar nos becos da cidade, até ser parada por um cara, alto de cabelos negros igual a escuridão, e roupas negras.
-- você não tem medo de andar sozinha assim a noite?
Ele se aproximou mais, até que eu pude vê-lo melhor, seus olhos eram tão negros igual seus cabelos.
-- por que eu teria?
-- é perigoso, tem muita gente má nas ruas essa hora.
-- então isso significa que você é um cara mal?
-- depende.
-- de que?
-- de quem eu vou atacar.
Ele riu.
-- vai me atacar?
-- deveria?
-- não acho que seria uma boa idéia.
-- você é bem corajosa, a maioria das garotas teriam medo.
-- esse é o ponto, não sou como a maioria das garotas.
-- percebi isso desde da hora que te vi.
-- e há quanto tempo foi isso?
-- alguns minutos só.
Eu sorri.
-- mais e você o que faz perdido aqui, você não é brasileiro, é?
-- nossa, está tão na cara assim?
-- seu sotaque, italiano?
-- conhece italianos assim com facilidade?
-- morei um tempo lá.
-- sim, sou de lá.
-- e o que faz aqui ?
-- sou um viajante, gosto de conhecer lugares.
-- porque aqui?
-- é meio europeu, gosto disso.
Continuamos caminhando na escuridão...
-- mais e você, morou na Itália porque?
-- longa história...
-- e pelo jeito história complicada.
-- garoto esperto.
Ele sorriu.
-- gosta de velocidade?
-- sim, porque?
-- está afim de dar uma volta comigo?
-- em que?
Paramos em frente a uma moto, tipo A moto, e ele me entregou um capacete preto.
Fiquei olhando por alguns segundos o capacete na mão dele.
-- a garota corajosa perdeu a coragem?
Eu não o conhecia, e não confiava nele, mais o que poderia acontecer? Se ele tentasse alguma coisa eu o mataria, ele não sabe o que eu sou, e afinal para que confiar nas pessoas? A ultima pessoa que eu confiei me abandonou.
-- jamais!
Peguei o capacete em suas mãos e o coloquei, ele subiu na moto e eu subi na garupa.
-- pode agarrar o quanto quiser!!
-- engraçadinho.
E então ele arrancou com a moto, confesso que eu o segurei com mais força, pegamos a BR e saímos da cidade, ele corria muito, mais eu não estava me importando a adrenalina que corria pelas minhas veias era ótima a sensação indescritível.
Após mais ou menos uma meia hora na estrada ele parou em frente a uma casa, grande, mais parecia mal assombrada.
-- o que estamos fazendo aqui?
-- só uma paradinha.
-- que lugar é esse?
-- minha casa.
-- eu posso esperar aqui fora?
-- relaxa gatinha, não vou fazer nada com você.
Mais uma vez, eu desafiei, afinal eu posso cuidar de mim mesma.
-- ok, vamos então.
Entramos na casa, por dentro era bem bonita mais continuava parecendo mal assombrada.
-- pode fica a vontade, quer beber algo?
Olhei para a cozinha, e ele tinha digamos um pequeno bar particular.
-- quero.
-- o que? Um suco, água...
-- wisky.
-- uau, a garota corajosa gosta de bebidas mais fortes então.
-- na verdade não, mais estou afim de experimentar.
-- ok, mais vai com calma em mocinha, não quero ninguém passando mal.
-- relaxa.
Ele me trouxe um copo, com um pouco de wisky e gelo.
-- não vai me acompanhar?
-- claro!
Ele pegou um copo também.
-- um brinde!
-- a que?
-- a gente.
Eu ri.
-- você é maluco.
-- você é mais, por estar bebendo na casa de um desconhecido.
-- é já que os conhecidos não dá para confiar, vamos beber com desconhecidos mesmo.
-- isso ai.
Batemos os copos e bebemos, aquilo desceu queimando e ele riu da minha cara.
Meu celular toca. Lara, tinha que ser.
-- oi querida.
-- meu, onde você está?
-- me divertindo.
-- com quem?
-- um novo amigo.
-- você é maluca sabia?
-- é a segunda vez que eu escuto isso hoje.
-- bom, mais você sabe se cuidar sozinha então, tchau.
--tchau doida.
Desliguei o celular.
-- estão preocupados com você?
-- ah só minha amiga.
-- entendo.
-- mais onde estávamos?
-- sabe que eu não lembro.
Ele simplesmente era totalmente diferente de Bernardo, ele tinha um ar misterioso e meio rebelde com a vida, mais ele era simpático, e o sorriso dele parecia sincero.
-- e garota doida, a gente deveria marcar de sair sabia?
-- eu também acho.
-- e se eu fosse um assassino maniaco?
-- ah, se você fosse acho que escolheu a vitima errada.
-- você é da policia?
-- estou longe.
-- menos mal.
-- seu passado te condena?
-- digamos que sim.
Virei o resto de bebida do copo e ele também.
-- quer mais?
-- claro.
Ele se levantou e foi pegar mais, e meu ele era lindo, e eu já estou ficando zonza.
-- aqui está.
-- obrigada.
Bebi um, dois , três gole e acabou o wisky do copo.
-- oloco.
-- me leva embora?
-- claro.
Me levantei, e uau, estava um pouco zonza, ele me seguro, ficamos bem próximos, tipo muito mesmo.
-- então, é melhor a gente ir.
Ele continuou me mantendo bem próxima.
-- tem certeza que quer ir embora neste estado?
-- tenho sim.
Ele me pegou no colo e eu levei um susto, me levou até o lado de fora da casa.
-- me espera aqui.
-- mais sua moto está aqui.
-- você não acha que eu vou te levar de moto?
-- é tem razão, eu cairia da moto.
Ele entrou na garagem, e logo saiu com um jipe preto, eu entrei e fui guiando ele até minha casa.
-- bom é aqui.
Ele parou o jipe.
-- você está bem?
-- sim.
Ele desceu abriu a porta para mim e eu desci.
-- então, muito obrigada pela noite e nos vemos por ai.
-- com certeza.
Fui andando e então me virei.
-- hei, afinal como é o seu nome?
Ele sorriu.
-- Paollo.
Me virei de novo, e andei mais um pouco, e depois me virei para a rua.
-- a propósito o meu é...
ele já tinha sumido, uau, tão rápido como um raio.
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