Pela manhã minha cabeça doía como se eu tivesse levado uma pancada, a verdade é que eu não sabia o porque que doía, afinal eu quase nem bebi, e eu não estava mais acostumada a levantar tão cedo para ir a escola, mais tudo bem, com muito esforço decidi ir.
O dia estava nublado, com nuvens com certeza um bom dia para ver filme de terror e dormir, é dispenso o filme de terror, minha vida entrou em um desses há pouco tempo. E o pior era ter que acordar cedo, com dor de cabeça e ser obrigada a encontrar Mônica logo na entrada do colégio, deveria haver um jeito de eu ignora-la com meus poderes será? Seria ótimo poder usar eles ao meu beneficio desse jeito, está ai, eu poderia começar a usá-los mais, quer dizer já que sou digamos uma bruxa, está bem feiticeira, mais tanto faz, usam magia do mesmo jeito, eu poderia usar para facilitar um pouco mais minha vida, e começaremos com um jeito de ignorar pessoas chatas e importunas.
-- Péssimo dia para você Anny Venturelli.
“Nosferat querida.”
Veremos o que eu posso fazer, talvez não escutar mais a voz dela? Perfeito.
Bom, é só canalizar a energia e desejar aquilo que se quer, e eu desejo não escutar mais a voz da Mônica, tipo deixá-la falando sozinha. Uau eu sentia o poder em mim, parecia que percorria minhas veias e... feito, ela estava falando que nem louca e eu não a escutava, com certeza isso melhorou meu dia.
-- Bom dia sua louca!
Me viro e ... Lara.
-- bom dia.
-- que lindo, saiu ontem e com quem?
-- ah, um estranho qualquer.
-- e você não tem medo?
-- para falar a verdade não, cansei de ter medo, e outra ele não sabe o que eu sou então acho melhor ele não tentar nada.
-- você o verá de novo?
-- espero que sim.
-- e como ele é?
-- sinistro e misterioso.
-- bem seu tipo.
-- pois é.
Fomos para a sala, e passamos a manhã toda conversando por mensagem de texto sobre como era bom voltar para o Brasil. Digamos que é bom estar em casa depois de tudo, e vir para a escola como uma pessoa normal, bom não tão normal, mais era bom poder facilitar as coisas um pouco, talvez eu devesse treinar mais esse meu lado.
Sai do colégio e fui caminhando pelo lago negro, é eu me lembrava dos momentos com o Bernardo, e no dia que ele me salvou de morrer congelada e afogada, eu confesso que sentia a falta dele, mais o que eu poderia fazer? Ele escolheu me largar, eu não posso simplesmente sair por ai atrás dele, mais é difícil imaginar que era mentira o amor que ele sentia por mim, quer dizer parecia tão real, mais enfim não adianta eu ficar me lamentando, por mais que eu sei que vai demorar até que eu o esqueça e que eu siga minha vida em frente, eu preciso pensar em outras coisas além dele.
-- e ai garota.
Me viro e... não achei que você rever ele tão rápido.
-- Paollo!
-- o que faz perdida, e sozinha por aqui?
-- só dando uma volta.
-- está afim de ir a uma festa comigo?
-- festa de que?
-- ah, de uns loucos roqueiros.
-- quando?
-- hoje a noite.
-- vou sim.
Ele sorriu.
-- te pego as sete?
-- porque tão cedo?
-- é em uma cidadezinha há uma hora daqui.
-- ah entendi, ok, combinado.
-- vai ter alguma banda legal?
-- só covers.
-- de quem?
-- metallica, guns, system, conhece?
-- claro!
-- curte rock?
-- só os bons.
-- rock é bom.
-- nem todos.
-- to vendo que você vai ter que começar a andar comigo para escuta música boa.
-- você é bem convencido não?
-- impressão sua só, bom vou indo nessa, ás sete passo na sua casa.
-- combinado.
Ele subiu em sua moto e sumiu pela estrada, e eu estava evoluindo, indo já em festa de rock, qual será a próxima loucura? Não importa, estou gostando disso.
***
19:06, é eu estava acostumada com a super pontualidade de Bernardo, mais o que? Seis minutos, estou ficando paranóica, Paollo definitivamente não tem nada a ver com ele, assim espero.
Alguém bate na porta.
-- está pronta?
-- sim.
-- então vamos.
Definitivamente ele não é, Bernardo normalmente me elogiaria e faria uma cara do tipo “uau” mais eu preciso parar de comparar os dois, Paollo era do tipo rebelde, que quebrava regras e não estava nem ai para nada, eu gostava disso, gostava da adrenalina e do perigo que isso me levava.
Subi em sua moto e ele acelerou, a estrada estava escura e só havia nós dois no meio do nada, com árvores em volta e uma longa estrada a frente, eu o apertei quando ele fez a curva.
-- está com medo? Ele perguntou rindo.
-- não, é só para me manter segura.
-- agarre o quanto quiser gatinha.
Após quase uma hora, avisto uma casa muito sinistra, ele para a moto e pude reparar nele, coturno, calças pretas, camisa preta e jaqueta de couro, cabelo bagunçado, com certeza ele é mais que gato, sinistro, mais muito gato.
Eu podia escutar a música de dentro da casa e nos aproximamos.
-- está preparada para o rock?
-- com certeza.
Ele pegou em minha mão e entramos, uau, havia um monte de doidos vestindo preto pulando de um lado, uma banda tocando Metallica, umas meninas se pegando em um canto, uns casais em outro, um bando de bêbados falando alto e cantando a música logo em frente, é pensei que fosse louco, mais nem tanto.
-- o que achou?
-- louco.
-- este é o espirito da coisa, vem vamos beber alguma coisa.
-- como quiser.
Fomos até onde provavelmente é a cozinha da casa e ele abriu a geladeira pegando duas cervejas e me entregando uma.
Demorei um pouquinho para assimilar.
-- o que? Vai preferir um suquinho? Gata aqui não tem nada que não tenha álcool.
-- não precisa ser grosso, e eu não quero cerveja, quero algo mais forte será que não tem?
-- ui, calma calma mocinha, não quero ninguém passando mal depois.
-- eu sei cuidar de mim mesma pode ter certeza, mais ok, para começar essa cerveja está bom.
Peguei a garrafa da mão dele e em um grande gole bebi quase metade.
-- está com sede mesmo, vem vamos lá para sala.
-- ai, eu amo essa música.
-- gosta de Guns?
-- ta brincando? Welcome to the Jungle? Bem vindo a selva meu bem.
Com certeza o álcool já estava fazendo efeito, e eu estava me soltando e comecei a dançar e cantar junto com a banda, Paollo se aproximou de mim.
-- só agora pude perceber o quanto você está linda.
-- ah obrigada.
Mais nem dei muita bola e continuei dançando.
Ele me puxou pela cintura me beijando, e eu acompanhei.
-- quero outra bebida.
ele puxou minha mão e fomos para a cozinha, estava vazia, me pegou no colo e me colocou em cima do balcão me beijando, começou a ficar quente, muito quente, ele tirou a jaqueta de couro dele e a derrubou no chão, e desamarrou meu espartilho, continuamos nos beijando, eu tirei a camiseta dele e ele abriu meu espartilho e depois o tirou me encaixou nele e me deitou em cima da mesa, deitando em cima de mim, quando ele beijava meu pescoço por um momento lembrei do Bernardo, e senti falta, mais eu estava tão envolvida no momento, música alta, álcool, Paollo, que deixei passar esse pensamento e me deixei levar.
-- Ei, vocês dois vão para um quarto isso aqui é a cozinha.
Olhamos e era uma menina bêbada, reclamando.
-- vem vamos voltar para a sala.
-- ah, serio? Agora que está ficando bom?
-- engraçadinho.
Levantei, coloquei meu espartilho o amarrei, ele colocou sua camiseta, pegou a jaqueta de couro do chão e voltamos para a sala.
Sentamos no sofá e ficamos bebendo e escutando a música, até uma garota chegar, de cabelos negros, olhos verdes, alta, bem bonita.
-- ora ora e quem é o novo brinquedinho em Paollo?
“era bonita, até me chamar de brinquedinho”
-- se liga Natasha, vaza daqui.
-- não vai apresentar sua nova amiguinha?
-- qual é o teu problema ?
-- e então coleguinha do Paollo se divertindo?
-- para falar a verdade sim, e meu nome é Anny.
Ela parou por um momento, e se assustou.
-- Anny Nosferat?
Meu corpo gelou.
-- chega Natasha.
-- não pera ai, como você sabe meu nome garota?
“ fiquei sem ação, quer dizer ninguém sabia do meu nome só os que conheci na Itália.”
-- eu não acredito, enfim nos conhecemos, me desculpe os mal modos, eu sou Natasha Valentina, é um grande prazer te conhecer.
-- já chega, vamos embora Anny.
-- não Paollo, quero entender essa história direito.
--é Paollo, agora que eu enfim conheci ela, quero conversar com ela.
-- ah vocês duas estão de brincadeira comigo não é?
-- não nem um pouco, pois bem Natasha, da onde me conhece?
-- você é bem conhecida por essa região.
-- porque ?
-- qual é Anny, que tipo de bruxa é você que não reconhece outra bruxa?
Paollo levantou e me puxou.
-- vamos embora.
Eu o soltei.
-- que? Bruxa?
-- não se faça de desentendida Anny, nós deveriamos praticar juntas, adoraria ser tua amiga e que ótimo saber que você voltou.
-- Anny, vamos embora agora.
-- está bem está bem, vamos.
-- ei Anny, tenho certeza que nos veremos em breve e que vamos nos dar muito bem.
Peguei na mão de Paollo e saímos de lá.
-- quem é essa garota?
-- uma louca, que fica falando besteira, não liga ela deve estar bêbada.
-- ela sabia meu verdadeiro nome, como?
-- eu é que sei.
-- você ficou nervoso quando ela começou a falar.
-- logico, a doida estava falando de bruxas? Nada a ver isso.
-- você não acredita nessas coisas?
-- nossa, você ta ficando louca também? Bruxas não existem, eu em.
-- vamos embora.
Subimos na moto, e voltamos para Gramado, quando nos aproximamos da cidade havia uma fogueira nos impedindo de passar, descemos da moto e havia algo escrito no chão.
“ Cuidado com quem você confia, o perigo está mais perto do que você imagina. Beijinhos Anny”
Comecei a tremer, me deu tontura, e Paollo me segurou.
-- calma, deve ser alguma brincadeira de muito mal gosto.
-- eu achei que tivesse acabado.
-- o que?
-- nada, só me leve embora.
-- precisamos apagar esse fogo.
Eu queria apagar, mais assim ele descobriria que eu era uma bruxa, então eu o ajudei a pegar uns galhos e bater em cima do fogo, isso ajudou a diminuir bem até dar para passar, ele me deixou em frente de casa.
-- você vai ficar bem?
-- vou sim.
Ele me deu um beijo, e saiu, entrei em casa e sentei no sofá, no escuro, o que foi tudo isso hoje? E quando eu penso que me livrei, tudo volta, aquela menina na festa, o recado no chão, minha cabeça rodava, eu precisava reencontrar aquela menina, precisava de respostas.
Subi até meu quarto e deitei na cama, fechei os olhos, virei para o canto e os abri, vi Bernardo na janela, pisquei e ele havia sumido, levantei e corri até a janela, mais não havia nada ali.
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