A sensação era ruim, quer dizer eu já estava acostumada a ficar bastante tempo longe deles, mas me dava agonia de pensar que eles nunca voltariam, eu queria saber o que houve, queria entender.
Eu olho para o lado e lá estava ele prestando atenção na estrada e ele me olha.
-- você está bem?
-- melhor, obrigada por vir comigo.
Ele apenas sorriu.
Depois de tudo o que aconteceu foi bom saber que eu o tinha, e claro as meninas foram lá na casa dele e ficaram comigo, Lara está lá passando um tempo, e o Gustavo também me deu força, mais ele , era como essencial,sem ele eu me sentia frágil, e quando eu estou com ele me sinto protegida de qualquer mal que possa me acontecer.
-- chegamos Anny.
Eu desci do carro, e fui andando até um velho prédio entrei pela porta de vidro da frente e havia uma moça ruiva dos olhos verdes sorridente na recepção, ela me olhou e se levantou vindo em minha direção.
-- Anny certo?
-- sim.
-- Oi, eu sou Carla com quem você falou no telefone.
Eu sorri.
-- eu sinto muito por tudo o que aconteceu, venha comigo que eu vou te dar umas coisas que são de seus pais.
-- você quer ir sozinha?
-- Não, venha comigo Bêh.
Andamos por um corredor grande com paredes amarelas e passamos por duas portas, na terceira ela abriu, entramos e nos sentamos e duas cadeiras e ela ficou em pé procurando uma chave entre as muitas em sua mão para abrir uma gaveta.
-- aqui está.
Eu peguei um envelope grande e preto, hesitei um pouco em abrir então Bernardo pegou em minha mão o que me deu forças, Carla saiu da sala e eu o abri, fui tirando as coisas de dentro.
Havia uma foto minha com eles, meus olhos se enxeram de lágrimas, eu não sei se conseguia continuar na imagem nós três aparentamos felizes, e realmente estamos felizes naquele momento, eu fechei meus olhos e desejei que eles não tivesse ido embora, mas nada mais poderia ser feito, então continuei a tirando coisas do envelope, havia documentos e entre eles uma carta endereçada para mim, eu a abri cuidadosamente e comecei a ler:
“Querida Anny.”
Se essa carta chegar em suas mãos certamente aconteceu algo conosco. Filha, você precisa ser forte, para superar o que há por vir...
Nós não queríamos que fosse assim, mais infelizmente aconteceu e você precisa saber da verdade.
Você não é nossa filha biológica, há dezesseis anos atrás alguém deixou você com alguns meses em nossa porta o que foi nosso maior presente e você estava acompanhada de um colar e um bilhete dizendo para que você nunca tire este colar, pois ele é a única coisa que você tem do seus pais biológicos e você já tinha sua cicatriz na nuca.
Com você veio várias alegrias, mais existem pessoas más no mundo que estão atrás de ti por motivos que nunca entendemos muito bem, tentamos ao máximo te proteger mais alguém muito mal nos encontrou , então eu preciso que você tome muito cuidado e nunca tire seu colar, pois ele é sua proteção.
E você sendo menor de idade precisa de um tutor, ou uma no caso sua tia Valéria que está ciente que se alguma coisa acontecesse com nós ela tomaria conta de você.
De agora em diante as coisas vão ficar mais difíceis e com o tempo as verdades vão aparacer, mais sabemos que você é capaz de superar tudo.
Te amamos muito, e desculpa por tudo isso.
- Papai e Mamãe.”
Eu paralisei lendo a carta, eu não tinha reação, então eles foram assassinados? Mais e o sangue? Não havia sangue. E eles mentiram, eu não sou filha deles. UAU. Isso sim foi um choque, e o que taria atrás de mim? Tia Valéria? Faz dez anos que eu não a vejo como assim minha tutora? As palavras vinham em minha mente, essa carta o porque de tudo isso ? Não segurei e comecei a chorar, a cair em prantos, Bernardo me abraçou sem dizer uma palavra, eu o abracei forte e queria que ele me tirasse daqui, mas minha visita não havia terminado, por mais que eu me senti traída pelos meus pais, eles eram meus pais foram eles que me criaram eu ia até onde eles foram enterrados.
Procurei me acalmar, me levantei e coloquei as coisas no envelope, peguei na mão de Bernardo e sai da sala, Carla estava lá fora.
-- quero ver onde eles foram enterrados.
-- claro, vou te levar lá.
Fomos até um cemitério daqueles antigos onde as pessoas são enterradas debaixo da terra, adamos por um gramado enorme, e chegamos onde eles estavam enterrados...
Liz Venturelli julliet e Thomas Julliet.
Era terrível ver o nome de meus pais escrito naquele concreto que significava que nunca mais irei vê-los, não consegui me conter e comecei a chorar novamente, Bernardo me abraça e eu só consigo chorar, Carla se vai e eu me sento no chão e remexo meu colar, tentando entender o porque que ele me protege, qual é o segredo? E o que está por vir...
A viajem de volta para gramado foi mais curta, pois de tanto eu chorar acabei dormindo.
Chegamos na casa de Bernardo, ele colocou o carro na garagem e abriu a porta da casa e tivemos uma surpresa...
-- SAMANTHA?
-- BERNARDOOO
Ela correu e pulou o abraçando, e eu fique a observando ela era alta e usava uma bota preta de combate tipo as que Bernardo usa, e estava com uma camiseta preta, os cabelos longos pretos e liso, olhos pretos e
Ela o soltou..
-- o que faz aqui menina?
-- vim te visitar você sumiu.
Bernardo me olhou e depois a olhou.
-- hey, essa é minha namorada Anny.
-- prazer Anny, então quer dizer que meu querido Bernardo arrumou uma namorada?
-- é o que parece...
Ela soltou uma gargalhada e depois olhou para ele tirando sarro, minha cabeça doía e eu não estava bem para isso agora.
-- bom, me dão licença mais eu vou me deitar não estou muito bem.
-- você quer que eu vá com você?
-- não, fique aqui com sua amiga.
Subi as escadas e dei de cara com Gustavo sorrindo e olhando em direção a Samantha.
-- o que você tem Anny? Está com uma cara péssima.
-- o dia não foi muito bom hoje, vou me deitar.
Ele apenas sorriu e desceu as escadas abraçando Samantha.
Pelo que parecia eles eram bons amigos, e com toda certeza eles ficaram felizes em vê-la estava estampado no sorriso deles.
Me deitei e não consegui pensar nada mais além da carta que meus pais me deixaram, e minha vida estava prestes a mudar, minha tia que eu não a via há 10 anos estava para chegar, meus pais morreram de uma forma que ninguém sabe explicar, e eu não sou filha deles e então quem são meus pais verdadeiros que me deixou este colar ? São tantas coisas que eu gostaria de saber e não achava resposta para nada, isso estava começando a me deixar louca, e agora na hora que eu mais preciso do meu namorado aparece uma velha amiga, posso estar sendo egoísta mais é assim que eu me sinto...sozinha.
Aahhh minha cabeça está estourando, e que barulheira é esta? Desço as escadas e os vejo, Bernardo e Samantha rindo juntos no sofá, quer dizer chorando de rir, gostaria de saber qual é a graça, mais simplesmente não consigo sorrir,não depois de tudo o que está acontecendo comigo, sorrir seria como se eu esquece o que houve,não há motivos para simplesmente... sorrir. Me viro para voltar ao quarto...
-- hey Anny vem aqui com a gente.
Eu o olhei, Bernardo estava sendo gentil então resolvi me juntar a eles, me sentei no sofá ao lado dele.
-- então Anny, faz quanto tempo que vocês namoram?
-- não muito, e vocês são amigos há quanto tempo?
-- aaah, muitos anos.
-- como vocês se conheceram?
Ela sorriu.
-- bom, ele me salvou de um acidente, tipo minha família toda tinha morrido e eu estava quase morrendo e ele me tirou do carro,e cuidou de mim.. daí nos tornamos grandes amigos.
-- que legal.
-- é sim, mais fazia um tempão que nós não nos viamos.
-- porque?
-- ah, eu fiquei na Itália e ele veio para o Brasil, há tipo muitos anos.
-- nossa, mais vocês se conheceram com quantos anos?
-- nem lembro.
-- deveriam ser crianças.
Ela caiu na risada...
-- é por aí.
-- Bê, não sabia que você já foi para Itália.
-- é na verdade eu nasci lá, mais já viajei muito.
-- nossa, você nunca me disse nada disso.
-- ah, é só passado Anny.
-- ah eu sei, mais seria legal se a gente conversasse sobre essas coisas.
-- bom, desculpa não queria que vocês discutissem por isso.
-- não estamos discutindo.
Me abaixei para pegar a almofada que estava no chão...
-- Oh Deus, seu colar.
Eu segurei me colar que estava para fora na camiseta.
-- o que tem meu colar?
-- ele é...
Bernardo, a interrompe.
-- muito bonito, eu sei.. eu também gostei.
-- e realmente muito bonito,onde você comprou ?
-- na verdade não comprei, é uma herança de família, desde que me conheço por gente eu tenho ele.
Ela fixou o olhar em meu colar e depois olhou confusa para Bernardo.
-- é tão parecido com...
Ele novamente a interrompe.
-- você está se confundindo Samantha, esquece isso.
Eu não estava entendendo absolutamente nada.
-- você sabe que pedra que é ?
-- não, na verdade não sei muito sobre ele, mais porque tantas perguntas?
-- ah , nada demais, ele é parecido com o de uma amiga minha.. mas olhando melhor até que não tem nada haver.
Nós todos rimos, e senti que Bernardo se sentiu desconfortável.
-- bom, eu vou até a cozinha sabe, estou morrendo de fome.
Me levantei e fui até a cozinha, mais consegui escutar algumas coisas que eles conversavam do tipo “ Bernardo, ela não sabe? “ ou do tipo “ e o colar.. aquele com certeza é o colar..., mais ele sempre a interrompia dizendo coisas do tipo “ fique quieta samantha, você esta confundindo tudo”. Eu não estava entendendo o que estava acontecendo, mas com certeza eu iria querer conversar com ele depois.
Comi um pedaço de torta, e voltei para a sala e eles fingiram que nada estava acontecendo.
-- Bê, acho que vou subir vem comigo?
-- claro, você se importa Samantha?
-- não, imagine eu já estou indo...
Eu a olhei.
-- Para onde?
-- não sei ainda.
Ela sorriu.
-- você pode ficar aqui, não pode Bê?
-- pode sim.
-- ah obrigada, onde eu fico?
-- tem vários quartos lá em cima, pode escolher.
Nós três subimos e Samantha escolheu um quarto, e eu chamei Bernardo para ir comigo ao meu.
-- hum, o que você quer comigo no seu quarto em Anny?
-- há há há, engraçado.
Me aproximei e o puxei pela gola da camisa.
-- estou gostando disso.
Eu o sentei na cama e me sentei em seu colo.
-- Bê, eu queria conversar.
Ele foi se aproximando.
-- conversar? Uma hora dessas?
Eu não conseguia resistir a ele, mais eu queria fazer perguntas... mais talvez elas pudessem esperar, então eu o beijei e ele levantou comigo em seu colo me encaixando nele, minhas pernas estava em volta de sua cintura, meus braços em volta de se pescoço e eu o beijava, ele me colocou em cima da cômoda empurrando as coisas que estavam lá, fazendo as cair no chão, quando eu o beijava meu mundo parava, e depois de tudo o que andou acontecendo nem aproveitamos muito, quer dizer não faz muito tempo que estamos juntos, só umas duas semanas, e ele me deixava leve e eu sentia vontade de fazer coisas que eu nunca fiz, ele me pegou no colo novamente e me levou até a cama me deitando nela e ele ,e beijava.
-- hey, onde tem lençóis? Ops
Ele se levantou rapidamente e eu também.
-- ah venha comigo eu te mostro tudo.
Eu olhei para ele e comecei a rir , e ele também.
-- ah desculpa atrapalhar vocês.
-- Imagina Samantha.
-- pode me chamar de Sam ou S.
-- ok, S.
Eu a levei até o armário que tinha as roupas de cama e ela pegou o que precisava.
-- boa noite S.
-- boa noite A .
Voltei para o quarto com o Bê.
-- então onde nós estavámos ?
-- bom, iriamos conversar, até você me beijar..mais agora vamos.
-- tem certeza?
Ele foi se aproximando, e eu o parei.
-- sim.
-- ok, o que você quer saber.
-- então Bê, sem querer eu escutei você e a S conversando sobre alguma coisa do tipo...
-- pera ai , S ? já estão com essa intimidade toda?
-- Bê, por favor escute.
-- desculpe.
-- então do tipo “ ela não sabe, e o colar..” porque ela se interessou tanto pelo meu colar? E o que eu não sei?
Ele engoliu em seco, e ficou sem saber o que dizer, e eu fiquei olhando esperando por uma resposta.
-- ah querida, ela se confundiu.
-- não Bê. É serio, ela não se confundiu e eu quero que você seja sincero comigo.
-- Anny, o seu colar é parecido com o colar de uma amiga dela que morreu, por isso ela ficou daquele jeito.
-- bem, e o que é que eu não sei?
-- nada A .
-- por favor, o que é o que eu não sei ?
-- que eu e ela já namoramos.
-- han?
-- é A, eu e a Sam , já tivemos uma história.
-- e quando foi isso?
-- foi logo depois que eu a salvei, ela não tinha ninguém e eu era sozinho também e então acabamos ficando por um tempo, mais depois muita coisa aconteceu e nos tornamos grandes amigos.
-- e o Gustavo ?
-- aah eu não moro com o Gustavo desde sempre, ele morou na Inglaterra quando eu conheci a Sam, e quando ele voltou ele conheceu ela.
-- uau, entendi.
-- mais alguma coisa?
-- não, por enquanto é só.
Ele sorriu.
-- estou cansada.
-- eu também estou.
Ele se levantou saindo do quarto.
-- Bê...
ele se virou.
-- porque não fica.
-- tem certeza?
-- sim.
Ele se deitou do meu lado e me abraçou e eu adormeci em seus braços.
ela é muito burra de cair nessa história !
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